SER CRIANÇA É ... O cantinho da nossa Alma onde se é genuinamente feliz. É onde queremos que estejam todas as crianças que conhecemos e aquelas que não conhecemos. As nossas e as dos outros. As daqui e as de além.

Queremos fazer desse canto da Alma uma mansão cheia de portas e túneis, um castelo ou uma gruta com espaço para aventuras em terra, no espaço, ou no mundo subaquático. Aqui, os monstros e as fadas podem fazer corridas de carros contra os animais das fábulas. Aqui vamos contar, ilustrar, animar, vamos trazer quem saiba escrever sobre coisas interessantes para os miúdos e para os graúdos deles. O nosso limite é o da imaginação. E todos nós sabemos onde ela leva as crianças...

sexta-feira, 18 de julho de 2014

MAIS UMA OVELHA?


Hum...se para adormecer há quem conte ovelhas, o que acontece aos pastores quando as contam ao final do dia? Aposto que não sofrem de insónia! – foi mais ou menos esta linha de pensamento que levou Mij Kelly a criar este conto.

A história é-nos oferecida em rima o que torna a leitura hilariante e facilita a memorização do enredo. Este é um género ao qual pretendo voltar porque é percetível o quanto as crianças apreciam a rima e como gostam de terminar cada frase...mesmo com sono!

A certa altura para ilustrar o ponto alto da atuação das ovelhas e para ajudar o pastor Gaspar (e os pequeninos) a contar até dez sem adormecer, as páginas do livro abrem criando um efeito muito divertido de palco e cortinas. Noutro ponto da história, há uma sequência de acontecimentos não narrados (o lobo leva com a porta no nariz e o vento atira-o para longe) e tive que recorrer a alguns truques sonoros. O meu desejo era evitar estes efeitos mas tenho que admitir que há alturas em que a história justifica que os use. Paciência, na vida temos que ser flexíveis, certo?

Quanto à autora, Mij Kelly nasceu na Escócia mas viveu grande parte da infância na Índia. Experimentou as mais variadas profissões até ter decidido que era bem mais divertido ficar em casa a inventar histórias com o filho Frankie e o cão Otis.


Original de Mij Kelly  //  Lido a partir de "Mais uma ovelha?" - Livros Horizonte


Nota breve para enaltecer quem cria obras de arte


O objetivo máximo deste blog sempre foi incentivar a leitura. Simples e claro.

Ouvir contar pode desencadear uma vontade de conhecer melhor determinado autor e querer procurar outras obras. Gostar do que se ouve pode abrir uma porta para querer ir buscar mais. Sempre e só: semear a mais magnífica das pedras preciosas, a única que semeada, brota: a leitura!

Em pesquisas passam-me literalmente pelas mãos, numa só manhã, dezenas de livros e sinto genuíno entusiasmo apenas em tocar nas capas, antecipação ao abri-los e ver a primeira página ora em branco ora com desenhos que deixam no ar o que lá dentro virá. Tê-los, tocar-lhes, cheirá-los, senti-los são sensações que jamais poderei anexar às narrações. O delicado investimento de cada ilustrador e designer é impagável e impossível de reproduzir.

Há livros que temos que segurar enquanto lemos. Foram feitos para serem tocados, acariciados, têm texturas, rugosidades, brilhos, coisas escondidas, expressões desenhadas nas personagens que ajudam quem lê a teatralizar a fala mas que provocam reações imediatas logo ao virar a página. E isto é irreproduzível.

Prometi a mim mesma não recorrer a efeitos sonoros mas tive que ceder. Há contos que merecem uma coisinha extra. Vou recorrer a eles o menos possível por ter a certeza que quero manter-me fiel à ideia que um livro é para contar, narrar, sussurrar e cantar. Mas que uns pozinhos de fada ajudam, ajudam!

Agora é levantar o rabinho e se não for para comprar novo pelo menos toca a visitar uma Biblioteca e usar mais sentidos para além da audição. Combinado?